domingo, outubro 30, 2005

Para reflexão:

Em Ponte de Lima:
1. Não existe um plano estratégico;
2. O comércio está a definhar;
3. O desporto nunca foi, não é e parece que não virá a ser, uma prioridade;
4. Constroi-se mais e mais, vende-se cada vez menos;
5. Vêem-se sempre as mesmas caras: a construir, a liderar investimentos, a elaborar projectos;
6. A criatividade desapareceu. Só é feito o óbvio.
7. Onde andam as pessoas no fim-de-semana?
8. As vias de comunicação são excelentes, para que os limianos saiam. Onde estão as estratégias de fixação e atracção?
9. Estamos num momento crítico, de viragem. O que vamos fazer?
O Minho é tão longe...

Quando em contacto com um gabinete público, invariavelmente situado na macrocéfala e intelectualmente inatacável Lisboa, solicitei uma visita ao distrito de Viana do Castelo para verificação "in loco" de um problema que carecia de resolução mas que, sistematicamente, era esquecido. A resposta não foi surpreendente: - não é possível, Viana do Castelo é muito longe, teríamos que perder, pelo menos, um dia, para nos deslocarmos".
A resposta foi tudo menos inesperada, não dei qualquer importância ao "perder" referido, porque o léxico e a forma de pensar de Lisboa não é propriamente como a nossa, mas ilustra o que, no dia a dia, pensam os políticos decisores da "longínqua província": é sempre colacada em segundo plano, nunca é prioritária, raramente prende as suas atenções.
A "província" foi, mais uma vez esquecida e colocada em segundo plano, na reavaliação do processo TGV. A linha outrora prioritária: Porto-Vigo, passou a dispensável (pela via do adiamento "sine die"). E, como mandam as boas maneiras do centralista, aposta-se na ligação Lisboa-Madrid e Lisboa Porto.
Isto não significa que o TGV trouxesse grandes vantagens para Ponte de Lima (mais obras, mais corredores, mais cortes de caminhos e estradas, mais divisões de freguesias...), mas que vem na sequência de outras medidas altamente penalizadoras para o Norte e para o Alto Minho, disso não tenhamos qualquer dúvida.
Venha depressa a regionalização, pelo menos, nesse caso, os centralistas estariam mais próximos de nós e conseguiriam deslocar-se até a este longínquo lugar sem necessidade de "perder um dia".

quarta-feira, outubro 19, 2005

Calaram-se?

Nos dois últimos anos, muitas foram as vozes que, na defesa dos mais altos interesses do Alto Minho, se demonstraram chocadas com as obras e os montantes atribuídos a este canto de Portugal, no âmbito do plano de investimentos da administração central - PIDDAC. E tinham toda a razão, embora continue a sustentar que aquela não é a única via de canalização de investimentos para a "província" por parte do Governo.
Conhecido o PIDDAC para 2006, continua a dificuldade de encaminhamento de verbas de Lisboa até Viana do Castelo. O que se programa é pouco, muito pouco, cada vez menos, e o que se executa ainda menos é. Para 2006, são uns trocados. E, de promessas, nada! Nada de ligação de Paredes de Coura à A3; Nada de acessos ao Porto de Mar; Nada de Pousada de Juventude de Vila Nova de Cerveira; Nada de prolongamento da A28 até Valença...
Valeu-nos a inscrição da variante a Ponte de Lima.
Espera-se pelas vozes que, nos dois últimos anos, contestaram veementemente a dotação do PIDDAC para Viana. Ou, a partir de Março deste ano, calaram-se?

A A28, entre Viana do Castelo e Caminha, abre ainda este mês. Outro grande passo para o Alto Minho e para o desencravar da cidade de Viana. Contra ventos e marés, lá avançou a obra de grande importância estratégica para o litoral do distrito.
Os seus contestatários também não se têm feito ouvir desde Março passado. O que terá ocorrido, se o traçado, desde essa data se manteve. Calaram-se?
O interesse das populações, argumento sempre esgrimido nos momentos de constestação e luta, pelos vistos também muda de acordo com a cor política que governa o país. É pena, porque os destinatários das políticas e do trabalho dos políticos são as pessoas e os seus problemas não se resolvem com a simples mudança de Governo.
A actividade política não é um fim em si mesma, que se esgota nos partidos políticos, mas um meio para atingir um fim, que está muito distante das cores partidárias, dos partidarismos e, sobretudo, das partidarites.

domingo, outubro 16, 2005

Os partidos e as "facções"

Um comentador da nossa praça apontou asa "facções" de um partido político como uma das razões da sua derrota.
Confesso que não gosto da palavra "facções", nem facciosismo que nos obrigam a pensar em pessoas que só admitem uma forma de pensar e ver o mundo, abominando a perspectiva dos outros e a sua argumentação. Acredito em formas diferentes de pensar, em vias diversas para a solução dos problemas, em pessoas que, sendo diferentes, têm o direito de propor formas diferentes de intervenção. Muitas vezes são confundidos, ardilosamente, com facções mas, nestes casos, o facciosismo é personificado por aqueles que não admitem que não se pense ou se aja de uma forma diferente.
Não conheço nenhum partido de pensamento único em Portugal, mesmo que muitos pensem que essa seria uma boa solução para os seus problemas. E não gostaria que viessem a ser reintroduzidos no espectro político nacional. Ainda acredito nos partidos como suporte básico da democracia. O grande problema dos partidos são, muitas vezes, os seus dirigentes, sobretudo aqueles que utilizam os partidos como instrumentos de poder. Um partido deve ter um espaço interno de liberdade, e constituir-se como uma via para a intervenção social que personifique a opinião maioritária dos seus militantes, mas também a via para a resolução dos problemas da comunidade. A opinião dos militantes de um partido pode não coincidir com os interesses de uma comunidade e, nesse caso, o partido não está a cumprir a sua missão, os seus dirigentes não estão a ser competentes.
Em Ponte de Lima os partidos têm no seu seio pessoas que pensam de forma diversa. E ainda bem. Mas não conheço nenhum que, no último acto eleitoral, tenha visto militantes seus terem uma atitude de hostilidade ou desafio para com eles. Quem perdeu, perdeu por culpa própria ou por "culpa" dos seus adversários, que foram melhores. Nestas eleições, se existiram golos na própria baliza, foram marcados pelos jogadores que estavam em campo e não por aqueles que assistiam ao jogo do banco de suplentes.
A Paz pós-eleitoral

Quando seria de esperar alguma agitação pós eleitoral, uns vangloriando-se pelos bons resultados obtidos, outros assumindo as consequências das derrotas sofridas, eis que tivemos uma semana muito tranquila em Ponte de Lima.
Parece que os vencedores já esperavam tal resultado e decidiram continuar, calmamente, o seu trabalho e, por outro lado, os vencidos acharam que o resultado, mesmo assim, é meritório e então vão continuar o seu caminho, procurando preparar o futuro e a recuperação dos resultados, e prestígio, perdidos.
Os dias que se seguiram às eleições serviram também para o arranque de uma nova obra, que obviamente não poderia ter início antes, tendo em conta a previsível má recepção que teria junto do comércio local. Trata-se da nova média superfície que vai ser instalada na freguesia da Ribeira, bem às portas de Ponte de Lima, mais um grande desafio para o debilitado comércio local. Parece que, como o diz com toda a propriedade o ditado popular, "não há fome que não dê fartura". De nenhuma e de uma firme vontade em evitar a instalação de médias e grandes superfícies, abriram-se as portas já a duas e é público que não ficaremos por aqui. Como se pode mudar tão rapidamente de opinião e de estratégia? A pergunta, obviamente, vai direitinha para os Paços do Concelho e para a Associação Empresarial. O comércio, o pequeno comércio limiano, definha cada dia que passa, sem novas perspectivas de futuro. E o que fazem os responsáveis locais é ajudar a encontrar meios para o sepultar definitivamente, com as médias superfícies e com o licenciamento de mais e mais espaços comerciais em cada bloco de apartamentos que é construído.

segunda-feira, outubro 10, 2005

O Fenómeno Campelo!

Goste-se, ou não, Daniel Campelo é um fenómeno político à escala local e à escala nacional. A sua coerência, habilidade política, capacidade de gestão e oportunidade, fizeram dele um autêntico fenómeno, capaz de permanecer no poder 4 mandatos seguidos e com capacidade para se renovar em cada acto eleitoral, conseguindo resultados muito significativos. Para este anunciado último mandato, parte com uma renovada e ampliada maioria, que deixou a oposição reduzida à sua insignificância, talvez a dimensão do trabalho produzido nestes últimos quatro anos. A força de Daniel Campelo, da sua imagem e do seu populista discurso vão muito além da força do seu partido e é capaz mesmo de fazer esquecer a sua lista, onde as figuras são muito menos consensuais e incapazes de brilhar ao nível do líder, tanto no trabalho como, sobretudo, na popularidade. A juntar a todos estes factores, Daniel Campelo é uma figura de proa do CDS/PP, o seu único presidente de câmara.
Do outro lado, temos os grandes derrotados: o PSD que caminha aceleradamente para o abismo, depois de onze anos de liderança da linha de Manuel Trigueiro, o último grande sacrificado daquela linhagem. Um eleitorado envelhecido, reduzido ao que vota PSD, independentemente de quem o partido apresenta como candidato, uma força política incapaz de falar para os limianos, de apresentar propostas, ideias e pessoas credíveis para o futuro, e que tem sido, sistematicamente, confundida com o poder instalado, numa atitude suicida, completamente incompreensivel e que teve o seu auge na mórbida espectativa de uma aliança pré-eleitoral com o CDS/PP, mantida e alimentada há cerca de um ano atrás. A par do PSD surge a CDU, que não conseguiu a dinâmica, a agressividade no discurso e a penetração de António Carlos Matos, alcançando um resultado que ficou muito aquém do de 2001.
Por fim o PS e Montenegro Fiúza. Foi o grande alvo de Daniel Campelo, e percebe-se porquê. Trouxe um novo estilo e uma voz forte à oposição em Ponte de Lima. Apesar do pouco tempo de que dispôs para preparar as eleições, apesar de ser um desconhecido no concelho, foi convincente para o eleitorado, que viu nele o porta-voz do seu descontentamento. Consolidou o Vereador socialista, reconquistado por Agostinho Freitas em 2001 e reforçou o seu eleitorado em quase mil votos. É muito, e trata-se de um sinal que não deve ser menosprezado em Ponte de Lima. Expectativa, portanto, relativamente à postura e desempenho na oposição nos próximos quatro anos.

quinta-feira, outubro 06, 2005

Campelo tem obra feita, mas...

É indiscutível que Daniel Campelo marca uma era em Ponte de Lima, tem obra feita e um estilo inconfundível, que será no futuro inimitável. Esta é uma evidência que só não vê quem não quiser!
O que está em causa neste momento, é o prolongar de um estilo, de uma forma de estar e ver a política que já começam a cansar os limianos, que é redutora e que está, anos a fio, a deixar para segundo plano diversas áreas da vida municipal:
A educação, o desporto, o saneamento básico e o abastecimento de água, o apoio ao movimento associativo e solidário, a juventude, o emprego, entre outras. Estas são áreas nucleares, talvez ainda mais hoje do que há 12 anos atrás. O actual Presidente da Câmara Municipal também o pensa assim e está convencido que está a actuar em conformidade. Só que a realidade é diferente. Daniel Campelo já não consegue ver, ou não tem sensibilidade para ver, que as prioridades apontadas às quais julga que está a dar atenção, estão na verdade esquecidas e«ou menorizadas.
O Problema de Ponte de Lima não é Daniel Campelo, na memória do concelho terá sempre o seu lugar. O problema é o tempo que leva no Município, uma só forma de pensar, a rede que criou e que tolhe os serviços municipais, algumas más companhias que escolheu, a incapacidade para ver além do seu reflexo. O que Ponte de Lima necessita é de mudar, arejar, ter outra gente a pensar e projectar o concelho. Não acredito no pensamento único nem em predestinados. Acredito isso sim na capacidade dos limianos, de todos os limianos.
Um debate. Ou quase...

O debate entre os quatro candidatos à Câmara Municipal de Ponte de Lima, hoje emitido pela ROL foi um "quase debate". Quase debate porque pouco se debateu. O que foi permitido não passou de um explanar de programas eleitorais e opiniões que, raramente, puderem ser confrontadas e questionadas pelos cabeças de lista, fruto da estratégia e do estilo dos entrevistadores.
No entanto, algumas notas ficaram evidentes:
1. Os quatro candidatos estavam bem preparados para o debate, com as suas ideias bem definidas e as propostas devidamente estudadas;
2. Pena foi que a falta de debate impedisse que algumas das ideias pudessem ser questionadas ou debatidas;
3. Daniel Campelo tem um ódio de estimação por Montenegro Fiúza;
4. Quando era acusado de não ter feito algo, Daniel Campelo respondia, invariavelmente, que a decisão política relativamente ao assunto estava tomada, ou já estava pensada.
5. Acácio Pimenta foi o mais voluntarista e o mais convincente relativamente aos seus objectivos;
6. Manuel Trigueiro foi o mais sóbrio;
7. Montenegro Fiúza o mais Paciente, tendo em conta o que ouviu de Daniel Campelo; Daniel Campelo não consegue centrar-se nos projectos, na obra feita ou a fazer, não resiste ao ataque pessoal e ao carácter dos adversários, provocando os momentos mais quentes sem ser pela via dos seus méritos ou deméritos.
8. Daniel Campelo piscou o olho a Manuel Trigueiro - até o elogiou, e tentou isolar o candidato socialista.
9. Foi um "encontro", chamemos-lhe assim, morno, sem grandes novidades, sem grandes picardias, embora tenha servido para esclarecer os indecisos, se ainda existiam antes do debate.

terça-feira, outubro 04, 2005

Impressões

Pode ser um erro de perspectiva, ou antes o efeito do distanciamento. O que parece é que esta está a ser uma campanha eleitoral morna, muito morna.
O debate começou tarde, muito tarde, e tão tardio foi o seu arranque que já não deu tempo para apontar as falhas, os erros, e os incumprimentos da maioria instalada.
Passou-se, então, à fase 2. A das propostas. E o que se verificou, conhecidos os programas eleitorais foi que de novidade,muito pouco...
As ideias, as boas ideias, aquelas que traduzem um claro benefício para os destinatários das políticas, que não carregam doses industriais de demagogia, que são pensadas e avaliadas previamente, ficaram na gaveta.
Uma nota para a "onda" de tarjas "Campelo é fixe" que alagou Ponte de Lima. A ideia é boa - mostrar a obra feita. Mas a mensagem,soa a velho e a um trocadilho que pode significar qualquer coisa para as presidenciais...
Já agora, dizer "já temos inglês em todas as escolas", no dia em que é anunciado que apenas um (1) concelho do País não se candidatou ao programa de generalização do inglês no 1º ciclo, do Ministério da Educação, parece-nos uma tentativa torpe de "enganar o ceguinho". O que pensaríamos nós, hoje, se a Câmara Municipal de Ponte de Lima não se candidatasse ao programa?

domingo, outubro 02, 2005

Que a intervenção cívica fique mais tempo por estas paragens...

A intervenção cívica é um dos pilares do regime democrático. É dever de todos os cidadãos intervir na vida da sua comunidade e do país, denunciando aquilo que está mal e propondo alternativas aos problemas com que se debate.
As eleições autárquicas estão à porta e chovem propostas para "a melhoria da qualidade de vida das populações", soluções milagrosas que parece terem andado escondidas durante quatro anos, com o objectivo de manter a exclusividade e a capacidade de inovação´.
Ponte de Lima não prima por ser um concelho de debate. Já o disse e aqui o reitero. esta é uma terra de brandos costumes, onde a capacidade de reacção, de intervenção e sobretudo a coragem de, publicamente, assumir as diferenças, se foi perdendo ao longo do tempo. O adormecimento é evidente. Por isso, é de saúdar a campanha eleitoral em curso na qual, pelo menos, se discute, se propõe, se critica.
Pena é que, por vezes, ás propostas resvalem perigosamente para a demagogia e para o populismo e, por outro lado, que as críticas tendam para a maledicência, para os ataques pessoais e para injustiças. Sabemos que errar é humano, mas torna-se evidente que estes erros só ocorrem por falta de preparação de quem os comete.
No contexto nacional é de bradar aos céus o que está a ocorrer em Portugal. Arguidos, vergados sob o peso de dezenas de acusações, cometidas algumas delas no exercício das funções para as quais se recandidatam, estão na iminência de virem a ser eleitos pelo seu povo. O povo que "mora" nas bocas de muitos políticos portugueses como sendo o suporte da "sua" democracia e o objectivo das suas políticas mas que, na hora da verdade, só serve mesmo para os eleger. É este povo, possuído da maior das cegueiras, que muito provavelmente vai reeleger Valentim Loureiro, Fátima Felgueiras, Avelino Ferreira Torres e Isaltino Morais.
Se pelos locais do crime continuarem, apetece-me mudar de País porque, pelo voto, essa arma que todos temos em mãos, não será possível mudar Portugal.
A propósito, em Ponte de Lima tem sido eleito, sucessivamente, um elemento que andou nas malhas da justiça e que, in-extremis, a ela escapou por ter abandonado o seu posto de trabalho - a Câmara Municipal- pela porta das traseiras fugindo a uma notificação do tribunal e, consequentemente, permitindo a prescrição do processo...