quinta-feira, novembro 27, 2003

O "Nosso" Boletim Municipal, os "Bons" e os "Maus"

Saiu mais um número do Boletim Municipal "Ponte de Lima", com o habitual cuidado gráfico e conteúdo pautado pela leveza (da distribuição da informação). Esta leveza é fortemente sacudida logo no editorial, da responsabilidade do director da publicação, o Eng. Daniel Campelo, no qual se refere à aprovação do PDM e à orientação de voto e comportamento da oposição.
É evidente que o Sr. Presidente da Câmara não gosta de votos contrários ao seu. Compreende-se. E que adora a unanimidade. Quem não gosta? O que não pode fazer de forma alguma é zurzir e fazer juizos de valor sobre a opinião dos seus opositores políticos. O que seria das reuniões do executivo e da assembleia municipal se tal acontecesse sistematicamente?
Havia razões para votar contra o PDM. Não tenho qualquer dúvida. Como plano de desenvolvimento que é, estava coxo, faltava-lhe muito para atingir os objectivos mínimos. Esqueceu o ordenamento ao nível dos equipamentos desportivos, sociais, recretaivos e culturais. Não foi escrita uma só linha sobre o ordenamento da rede educativa. Faltou visão de futuro ao projectar os próximos dez anos, mesmo ao nível das vias de comunicação estruturantes para o concelho. Pena foi que a discussão do documento se circunscrevesse à área de construção. Foi redutora e incidiu no ponto em que este PDM mais evoluiu em relação ao anterior: a área de construção autorizada.
O que ficou por dizer ao Sr. Presidente da Câmara foi se aceitaria alguma alteração ao PDM na Assembleia Municipal, se permitiria alterar o documento que propôs para votação final, obrigando-o a fazer novo périplo pelas inúmeras entidades que o acompanham. Sinceramente penso que não o faria, como não o fez à maioria das reclamações redigidas durante o período de discussão pública.
É a habitual retórica do discurso populista e demagógico que já estamos habituados a ouvir dos Paços do Concelho de Ponte de Lima.
Ainda do editorial uma dúvida nos assalta. A dado ponto é referido o seguinte: "Que dizer do agente político que se diz defensor do Meio Ambiente e Ordenamento do Território e que quer ao mesmo tempo defender a construção de prédios na Reserva Ecológica e na Rede Natura?". A bem da elevação do discurso político, dos políticos e das instituições, seria bom que das insinuações o Sr. Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima passasse a referir os nomes dos visados para que, pelo menos, estes tenham direito à defesa e ao contraditório.
Por fim uma declaração.
Sr. Eng. Daniel Campelo:
Votei contra o PDM porque entendo não ser o ideal para Ponte de Lima. O ideal para um desenvolvimento harmonioso do concelho, capaz de potenciar Ponte de Lima para níveis de desenvolvimento consentâneos com as aspirações e capacidade dos limianos. A melhoria da qualidade de vida e das condições económicas dos limianos falhou e grande parte desse falhanço teve como protagonista V. Exa. Por isso deixei de acreditar na sua política e na sua estratégia de desenvolvimento para Ponte de Lima. Não era um PDM elaborado sob o comando de V. Exa. que tudo iria mudar. Por isso, não me revejo na perspectiva maniqueista de V. Exa. ao tentar colocar do lado dos "bons" aqueles que aprovaram o PDM, e do lado dos maus aqueles que votaram contra. Se o futuro for parecido com o passado, não seremos nem bons nem maus, mas simplesmente vítimas da sua política.

domingo, novembro 23, 2003

Descida ao Sarrabulho
Uma verdadeira invasão de bicicletas todo-o-terreno, foi ao que os limianos puderam assistir no sábado, dia 22 de Novembro. A III edição da "Descida ao Sarrabulho", organizada pelo Batotas - Clube de Desportos Radicais de Ponte de Lima foi a mais concorrida e espectacular de sempre, atraindo até ao concelho cerca de duzentos e cinquenta amantes do BTT, oriundos de todo o País.
Apesar da véspera ter dissuadido muitos particpantes devido ao mau tempo, o dia da descida esteve risonho e convidativo a uma alargada participação, propiciando também a possibilidade a muitos aficionados de visionarem as partes mais interessantes e espectaculares do percurso, que tinha o seu início na freguesia da Boalhosa e terminava junto à ponte românica no areal do Rio Lima, após cerca de 22 Km de alucinante descida.
A organização proporcionou aos inscritos transporte até ao local da partida, uma lembrança bem ao jeito da região e um excelente arroz de sarrabulho, servido num restaurante da vila de Ponte de Lima.
Os Batotas estão da parabéns pela excelente organização, capacidade de mobilização e pela promoção que fizeram de Ponte de Lima, das suas extraordinárias condições naturais para a prática do BTT e do seu grande embaizador, o arroz de sarrabulho.

sexta-feira, novembro 21, 2003

Aplauso no meio de assobios

Em Ponte de Lima existe uma forte tendência para o assobio. Assobia-se por tudo e por nada. Quando se faz alguma coisa, assobia-se, com veemência e peito cheio, porque não se devia fazer ou, pelo menos, se devia fazer doutra forma. Quando às vezes se faz mal, assobia-se para o ar, fazendo de conta que não se vê. Na autarquia está, e de uma forma geral sempre esteve, gente inteligente e sensível às reacções populares. Por isso, tudo o que for polémico, ou possa gerar polémica, tudo o que contrarie o "status", tudo o que possa causar incómodos no lento passar das horas limianas, pura e simplesmente não é feito.
Por isso, não era de esperar tamanha reacção à instalação no Largo de Camões de duas milenares oliveiras vindas da alentejana Serpa. Não era de esperar porque, caso contrário, ficariam à espera de um outro dono. Os assobios foram fortes, mesmo estridentes.
Pela parte que me toca, acho a ideia interessante - plantar árvores em canteiros que nunca o foram nem mereceram o respeito dos transeuntes, benéfica - o Largo de Camões necessitava de árvores e sombras, mas em locais que não pusessem em causa a estética do local, e com valor patrimonial - numa vila património, nada melhor do que árvores com história. Por isso, sem querer contrariar os assobios, aqui vai o meu aplauso.

quarta-feira, novembro 12, 2003

Impressões...

"Os Limianos" estão bem vivos. A festa do 50º aniversário reuniu largas dezenas de simpatizantes, dirigentes, antigos dirigentes, atletas e ex-atletas. Foi um momento marcante o reecontro daqueles que fizeram a história do maior clube desportivo do concelho de Ponte de Lima com aqueles que são o presente e o futuro do nosso clube. Foi emocionante ver jogadores e dirigentes que fizeram a história e o imaginário dos adeptos limianos, afinal apesar da distância que os separou e da indiferença que de muitos de apoderou, eles formam uma grande família. No ar ficou a esperança de melhores dias, bem patente no entusiasmo como dirigentes e atletas (todos a custo zero) encaram o presente e o futuro. Todos eles são actores de primeira linha no esforço de recuperação económica da A. D. "Os Limianos", tanto pelo empenho que colocam no seu trabalho, como na forma graciosa e desinteressada como participam neste momento da vida do clube, que tem tanto de histórico como de conturbado.
O presente está garantido. Agora é necessário trabalhar para o futuro. Um futuro que deve passar pelos mais jovens, mais capazes e mais empenhados em preservar um dos maiores tesouros do concelho, que mais serviços prestou à comunidade e à imagem de Ponte de Lima; um futuro que deve passar pelo saneamento financeiro; um futuro que deve passar pela formação e pelos atletas de Ponte de Lima; um futuro que deve enveredar pela via da consolidação em detrimento dos resultados; um futuro que deve apostar no melhoramento e largamento das infraestruturas, designadamente um campo de treinos de apoio ao plantel sénior e futebol juvenil.
As cores de "Os Limianos" são hoje cores de esperança e as três centenas que estiveram no jantar de aniversários devem ter um efeito reprodutor, com expressão pública em cada um dos jogos que se realizarem no Campo do Cruzeiro.

Finalmente vai ser concretizada a ligação Ponte de Lima - Vila Verde - Terras de Bouro. É uma grande notícia que apenas peca por chegar com algumas décadas de atraso. A visão das três autarquias envolvidadas é um factor positivo a registar, ficando provado que a parceria, a colaboração, a união entre autarquias é uma via com futuro, estruturante, e a única capaz de dar resposta às necessidades das populações. Esta é a essência da política, tantas vezes secundariza e mesmo esquecida. As pessoas...

quarta-feira, novembro 05, 2003

Transformar os Problemas em Desafios

A divulgação do PIDDAC regionalizado para o distrito de Viana do Castelo provocou uma onda de protestos devido às dotações definidas, com uma descida notória quando comparados com o ano anterior, os investimentos previstos para 2004. Também não gostei dos montantes definidos para o nosso distrito. Gostaria que fossem muito mais generosos e equilibradamente distribuídos pelos dez concelhos, mas também tenho a consciência de que, fossem quais fossem os montantes, teríamos sempre os partidos da oposição insatisfeitos e a reclamarem mais, e o partido que suporta o Governo a justificar os montantes inscritos como bons.
O que parece é que este “folclore Piddaquiano” cujo festival ocorre invariavelmente após o 15 de Outubro, tem um cheiro intenso a mofo e, na actual configuração, será com toda a certeza retomado no próximo ano, com os mesmos ou com outros protagonistas. Com a quantidade de instrumentos financeiros e programas disponíveis, directamente para as autarquias ou através da administração central, o PIDDAC não passa de algumas gotas no oceano, tornando-se completamente descabido e demagógico centrar qualquer discussão política, sobre os investimentos numa determinada região, nos montantes inscritos em PIDDAC. Se aos milhões do PIDDAC se juntarem, entre outros, os milhões do PRASD (nunca mais ninguém falou dele), os milhões da A27 ou IP9 que ligará Viana do Castelo a Ponte de Lima, os milhões do IC1 entre Viana do Castelo e Caminha, já teremos muitos mais milhões do que aqueles que, no passado, foram investidos anualmente em Viana do Castelo. É uma questão de justiça e de verdade. O que está mal, e não serve ninguém é o PIDDAC tal como nos é apresentado, por ser redutor e não fornecer uma ideia correcta e concreta dos investimentos efectivamente previstos.
O que é necessário para o futuro, e isto exige a participação e empenhamento de todos, é transformar os problemas do distrito em desafios, olhar para o futuro com visão estratégica e exigir, a uma só voz, cada vez mais investimento – mas investimento de qualidade e estruturante – mais necessário nas regiões periféricas e desfavorecidas. Estou convencido que, em 2004, o Alto Minho não ficará a perder mas é este o momento certo para exigir mais e melhor, ultrapassando a figura patética dos que choram sobre factos consumados e pouco ou nada fazem para abrir novos horizontes e romper com os bloqueios do passado. Mais do que conversa, charlatanismo ou requerimentos inócuos, o que Viana do Castelo necessita é de peso político junto de Lisboa. Falar a uma só voz é determinante, acabando com as “quintas” , os interesses particulares e as rivalidades pessoais que têm condicionado os interesses colectivos.
Se o Alto Minho fosse uno, nunca existiriam “Orçamentos do Queijo” de eficácia duvidosa; guerras pelo traçado de vias de comunicação estruturantes, pois seria fácil encontrar consensos e equilíbrios entre o interesse das populações locais e o interesse geral; divisões na constituição de associações de municípios porque a lógica regional que a todos nos une prevaleceria; reservas relativamente a projectos de grande alcance como o Pacto para o Desenvolvimento do Minho, porque a melhoria da qualidade de vida é um objectivo por todos ambicionado. Estas são questões vitais para todos aqueles que desejamos um futuro melhor para os nossos filhos. O umbiguismo e partidarite aguda reinantes são os maiores factores de depressão do Alto Minho.